A enterite necrótica é uma enterotoxemia que afecta normalmente os frangos entre as 2 e as 5 semanas de idade e pode causar mortalidades elevadas, até 50%, quando ocorre de forma aguda.

No entanto, a sua forma subclínica, que afecta negativamente a absorção de nutrientes e se agrava em média, é comum:

  • 12% de aumento de peso
  • quase 11% de taxa de conversão

Isto leva a enterite necrótica, principalmente a forma subclínica, causando graves prejuízos económicos naprodução de frangos de carne, estimados em mais de 1770 milhões de euros por ano a nível mundial (Avian Pathol. 2011; 40: 341-347; World Poult. 2000, 16: 42-43; Avian Dis. 2010: 54, 1237-1240).

O agente causador é a bactéria anaeróbica Gram-positiva formadora de esporos Clostridium perfringens, basicamente dos tipos A e C, capaz de produzir toxinas (α e NetB) que induzem danos no epitélio do intestino delgado (jejuno e íleo) e no fígado, principalmente (J Appl Poult Res. 2016; 44: 359-369).

O Clostridium perfringens é conhecido por ser um microrganismo ubíquo, presente mesmo no intestino de aves saudáveis. Por conseguinte, é normalmente necessário um fator desencadeante para induzir lesões de enterite necrótica.

Estes factores convergem frequentemente para uma composição alterada do microbiota intestinal ou para danos na mucosa intestinal, incluindo

  • coccidiose – em especial Eimeria acervulina e Eimeria maxima –e
  • micotoxicoses
  • salmonelose
  • ascaridiose
  • níveis elevados de certos ingredientes na dieta, factores que promovem o trânsito intestinal lento ou o crescimento excessivo de bactérias, entre outros (Anim Nutr. 2015; 1: 1-11).

Antes da sua proibição, a utilização de antibióticos nos alimentos para animais para fins profilácticos prevenia a enterite necrótica.

De facto, em países com uma proibição do uso de antibióticos promotores de crescimento, a incidência de enterite necrótica aumentou (Anim Nutr. 2015; 1: 1-11).

Por conseguinte, na nossa era pós-antibiótica, devem ser utilizadas outras estratégias:

  • melhorar a resposta imunitária
  • reduz a carga de agentes patogénicos
  • e/ou utiliza aditivos alimentares, como certos ácidos orgânicos (OA) ou extractos de plantas com efeito antimicrobiano (Anim Nutr. 2015; 1: 1-11).

Efeitos da combinação de ácidos orgânicos de cadeia curta e substâncias fitogénicas contra a enterite necrótica

Um dos aspectos que explica a eficácia contra a enterite necrótica de combinações específicas de CO de cadeia curta com substâncias fitogénicas (SF) é o efeito antimicrobiano que exercem sobre o Clostridium perfringens, entre outras bactérias patogénicas (quadro 1).

Tabela 1: Eficácia antimicrobiana da combinação AO+SF* contra bactérias patogénicas avaliada como Concentração Inibitória Mínima (CIM)

Isto deve-se ao facto de a composição da parede bacteriana consistir em 90-95% de peptidoglicano, o que permite a passagem de moléculas hidrofóbicas, como as formas não associadas de AO e certos SF, para o interior da célula (Pathogens. 2015; 4: 137-56). A combinação de AO + SF apresenta uma eficácia antimicrobiana de largo espetro, eficaz contra bactérias Gram-positivas como o Clostridium perfringens, o agente causador da enterite necrótica em frangos.

Método de ação antimicrobiana dos CO e SF

Formas não dissociadas dos AOs (Advances in Pork Production. 2005; 16: 169). can:

  • penetra na parede bacteriana
  • desestruturação da membrana citoplasmática
  • e dissocia-se no seu interior, baixando o pH
  • e, juntamente com o anião gerado, altera as funções metabólicas, levando à morte da bactéria.

No caso das moléculas fitogénicas (SF), os efeitos antimicrobianos seriam causados (Pharm. 2013, 6: 1451-1474) por:

  • danifica a membrana bacteriana,
  • inibição das enzimas do metabolismo energético da bactéria
  • desnaturação de certas proteínas
  • Vários autores descrevem um efeito aditivo ou sinérgico da combinação AO-SF ao nível do efeito antimicrobiano. Este facto pode ser explicado por diferentes mecanismos.
  • Por um lado, o bloqueio de certas enzimas bacterianas e a alteração dos perfis de ácidos gordos que induzem a desestabilização da membrana bacteriana, favorecendo assim a passagem dos CO e tornando-os mais susceptíveis a um ambiente ácido.
  • Além disso, o pH baixo pode aumentar a hidrofobicidade dos SFs, favorecendo assim a sua passagem através da parede bacteriana e da membrana (Pathogens. 2015; 4: 137-56).

Os efeitos antimicrobianos dos CO começam já nos próprios alimentos e predominam depois no papo, no proventrículo e na moela do animal.

Em contrapartida, no caso do SF, estes persistem em secções posteriores do trato gastrointestinal, o que parece contribuir para os benefícios da combinação AO+SF (Anim Prod Sci. 2017; 57: 821-827).

Outros efeitos positivos dos CO e SF

Para além desta eficácia antimicrobiana contra Clostridium perfringens, tanto os CO como os SF podem ter efeitos positivos nos factores que contribuem para o desenvolvimento da enterite necrótica ou das suas consequências.

Substâncias fitogénicas (SF) … Além disso, podem:

  • Preserva e estimula a função de absorção do trato gastrointestinal.
  • Melhora a morfologia epitelial, aumentando o comprimento das vilosidades intestinais e, consequentemente, a superfície de absorção.
  • Aumenta a secreção de enzimas digestivas endógenas
  • Regulação do microbiota intestinal
  • Modula as respostas imunitárias (regulando a expressão de marcadores pró-inflamatórios)
  • Efeitos antioxidantes
  • e até, como no caso do cinamaldeído, actua contra a Eimeria (Anim Prod Sci. 2017; 57: 821-827; Vet. Parasitol. 2011, 181: 97-105).

Os ácidos orgânicos (AO) … Além disso, como descrito em Advances in Pork Production. 2005; 16: 169, podem estimular:

  • o desenvolvimento da mucosa gastrointestinal
  • crescimento epitelial, a capacidade de absorção
  • e transporte de electrólitos (aumento da absorção de iões e água), ajudando a prevenir a diarreia, entre outros efeitos.

Teste experimental de combinações AO-SF

Estes efeitos multidianos de combinações específicas de AO-SF explicariam as melhorias nos parâmetros produtivos obtidos com a combinação* de AO + SF no ensaio realizado no IRTA(Institut de Recerca i Tecnologia Agroalimentàries. Tarragona, Espanha).

  • Animais de ensaio: 372 frangos Ross 308 machos (12 frangos/ave), alimentados com uma dieta à base de trigo, cevada e soja.
  • Tratamentos:

Distribuídos pelos seguintes tratamentos (10-11 réplicas/tratamento), consoante tenham sido experimentalmente infectados com Eimeria spp. e Clostridium perfringens, como modelo de enterite necrótica:

Aos animais inoculados foram administrados oocistos vivos atenuados de Eimeria acervulina, E. maxima, E. mitis e E. tenella no dia 9.

Nos dias 15, 16 e 17, foram administrados inóculos de107 -108 CFU de C. perfringens obtidos de explorações afectadas por enterite necrótica.

  • Duração: 35 dias
  • Parâmetros avaliados: Foram avaliados os parâmetros produtivos e a mortalidade.

Resultados

A inclusão da combinação* de AO + SF a 2,5 kg/t de ração melhorou significativamente o peso vivo, o ganho médio diário, a ingestão média diária e a conversão alimentar (dias 0-35) em comparação com o grupo de controlo inoculado, restaurando os parâmetros e a mortalidade para níveis normais (fig. 1 e 2; tabela 2).

Efeito da combinação* de AO + SF (2,5 kg/t de ração) no peso vivo (PV), ganho médio diário (GMD), consumo médio diário (CDA) e fator de conversão alimentar (FCR) aos 35 dias. As percentagens indicam melhorias em relação ao grupo de controlo inoculado. Letras diferentes indicam diferenças estatisticamente significativas (P<0,05).
Figura 2. Efeito da combinação* de AO + SF (2,5 kg/t de ração) na mortalidade ao 35º dia.
Tabela 2. Efeito da combinação* de AO + SF (2,5 kg/t de ração) nos parâmetros de produção aos 35 dias. Letras diferentes indicam diferenças estatisticamente significativas (P<0,05).5

Conclusões:

  • Combinações específicas de ácidos orgânicos e substâncias fitogénicas podem melhorar o estado de saúde dos animais infectados com Eimeria spp. e Clostridium perfringens e são eficazes na prevenção da enterite necrótica em frangos de carne.
  • Em condições de infeção por Eimeria spp. e Clostridium perfringens, combinações específicas de ácidos orgânicos e substâncias fitogénicas são capazes de melhorar os parâmetros de produção, que podem ser restaurados a níveis normais sem infeção.
  • Os ácidos orgânicos e as substâncias fitogénicas podem atuar de forma sinérgica ou aditiva, reforçando a sua atividade antimicrobiana e/ou os seus efeitos benéficos na saúde e fisiologia gastrointestinais.
  • As combinações específicas de ácidos orgânicos e substâncias fitogénicas são uma alternativa aos promotores de crescimento antibióticos e um instrumento útil para reduzir a utilização de antibióticos terapêuticos.

A combinação* de AO + SF testada neste artigo foi ENASSENCE

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